sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

Karin Slaughter a fazer de Harlan Coben em formato agarra-que-foge

Karin Slaughter (e já aqui escrevi sobre esta autora norte-americana, de que traduzi três livros para português) é uma escritura prolixa... mas talvez em excesso. Isto traduz-se numa produção imparável de obras, com a série protagonizada por Will Trent a par com histórias autónomas, e pode fazer baixar alguns critérios de qualidade. Ou seja, pode não haver tempo para aperfeiçoar a história, para dar mais força às personagens, para cortar a "palha" que tende a intrometer-se na narrativa...
E é isso mesmo que acontece com "Pretty Girls", uma das suas obras autónomas (de 2015), que agora li e de que não gostei.
Com 544 páginas na edição de capa mole (Arrow), "Pretty Girls" é uma história de três irmãs (Claire, Lydia e Julia) em que uma delas foi raptada e desapareceu para sempre ainda em adolescente e em que o autor (ou co-autor) do crime se revela como sendo uma espécie de pretendente das três e marido de uma delas.
A grande revelação (o marido que se julgava morto e não está e a suas maldades) entra antes de metade do livro e o resto (cerca de 300 páginas) é uma espécie de jogo de agarra-que-foge que envolve o marido e as suas irmãs sobreviventes.
A história e o seu desenvolvimento fazem lembrar Harlan Coben, que gosta de narrativas movimentadas e cheias de surpresa, mas Karin Slaughter nem consegue criar o ambiente favorável a que o leitor não pare para pensar.
Contas feitas, o verdadeiro crime que precisaria de ser deslindado é o motivo que levou Karin Slaughter a escrever e deixar publicar uma coisa tão extensa e tão mal feita.



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