sábado, 21 de outubro de 2017

109 mortos e 10 pontos de fácil leitura


A capa da "Sábado" desta semana indignou algumas boas almas que, no passado, teriam aplaudido com os cascos todos se a (triste) figura da imagem fosse de membro do Governo PSD/CDS. Se o actual chefe do Governo é responsável pela devastação e pelos mortos, esta lamentável criatura não o é menos.

1. O actual primeiro-ministro foi ministro da Administração Interna em época de incêndios (e foi ele que "comprou" o SIRESP";
2. o actual Governo já leva mais de ano e meio de funções e dois verões de incêndios (2016 e 2017);
3. a grande maioria das pessoas que morreram no incêndio de Pedrógão (65, no total) foram vítimas da "estrada da morte" (uma estrada, portanto, para onde foram encaminhados, ou onde puderam entrar);
4. os 44 mortos dos incêndios do passado domingo não foram socorridos a tempo porque mais de metade dos meios disponíveis tinham sido dispensados porque... em Outubro já não há incêndios;
5. ou seja, os 108 mortos de Junho e Outubro morreram por decisões, ou falta delas, do actual Governo e/ou de entidades estatais;
6. é por isso de uma imbecilidade atroz e de um fanatismo medieval culpar o Governo anterior especificamente por estas mortes, como o fazem algumas mentes mais simples mas não menos distorcidas em termos políticos e de valores;
7. é ofensivo a "esquerda" estar a sugerir que o justo protesto de sobreviventes que perderam familiares e haveres é movido pela "direita";
8. o eucalipto pode ser um mito (e um fantasma): o Pinhal de Leiria (ardido em 80 por cento) tinha (vejam lá...) pinheiros; um incêndio de grandes proporções quase à porta de minha casa consumiu uma extensão de terreno de 337 hectares onde quase não há eucaliptais; a zona do Dão (Oliveira do Hospital, Santa Comba Dão, etc.) que mais ardeu não se caracteriza por grandes extensões de eucaliptos mas de pinheiros;
9. o Presidente da República agiu bem ao intervir como interveio (com uma declaração de guerra ao Governo e ao fazer um "roteiro" pelas Beiras ardidas, pondo bem à vista a tragédia humana e económica que aí se viveu, e vive, e que, de outro modo, rapidamente desapareceria das primeiras páginas;
10. é escabrosa e revoltante a atitude do PCP e do BE de apoiarem o Governo do PS neste desfile de incompetências grosseiras que se traduziram, pelo menos, na perda de 109 vidas humanas. 

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